Ao adentrarmos o fascinante universo da datação de artefatos históricos, somos confrontados com perguntas que permeiam as mentes curiosas. Uma delas, frequentemente indagada, busca desvendar os segredos do sistema de datação, questionando como podemos ter certeza de que uma peça possui, de fato, todos os anos que os arqueólogos lhe atribuem.
Em linhas gerais, existem dois métodos fundamentais de datação em arqueologia: os relativos e os absolutos. A distinção entre eles reside no grau de certeza laboratorial atribuído a cada um. Enquanto as técnicas absolutas são consideradas mais precisas, ambos os métodos apresentam elementos passíveis de questionamento e intuição.

Técnicas Relativas
Dentro das técnicas relativas, destacam-se a estratigrafia e a seriação. A estratigrafia baseia-se na sobreposição de estratos em um sítio arqueológico, onde as camadas superiores são logicamente mais recentes, e as inferiores remontam a épocas mais antigas. Já a seriação analisa as alterações que objetos sofrem de geração em geração, como as mudanças em moedas e cerâmicas ao longo do tempo.
Observando, por exemplo, a disposição de lâmpadas a óleo ao longo das eras, é possível identificar diferentes períodos históricos. Esses elementos já oferecem pistas valiosas sobre a época em que determinado indivíduo viveu, como no caso de um homem cujo contexto sugere o primeiro século d.C.
Técnicas Absolutas
Entre as técnicas absolutas, para datação de artefatos, destacam-se a dendrocronologia e a datação por radiocarbono (C-14). A dendrocronologia, pioneira e elaborada, utiliza os anéis concêntricos das árvores como indicadores de ciclos solares para datar elementos encontrados próximos a grandes sítios.
A revolucionária técnica do C-14, desenvolvida por Willard Libby, mede o montante de carbono 14 em organismos vivos, sendo especialmente eficaz na datação de materiais orgânicos como madeira, ossos e tecidos. Contudo, enfrenta desafios, como a variabilidade da concentração de C-14 na atmosfera ao longo do tempo.
A História pelos Átomos
A explicação do processo do C-14 revela como a perda gradual dos átomos radioativos ao longo do tempo permite estimar a idade de organismos mortos. Essa técnica, expressa em anos antes ou depois da “presente era” (BP, Before Present), apresenta uma margem de erro em torno de 100 anos.
Contudo, é importante destacar as limitações do C-14, como sua dependência de pressupostos sobre a constância da concentração de C-14 na atmosfera ao longo do tempo. A calibração dos resultados e as possíveis variações atmosféricas são aspectos críticos a serem considerados.
Limitações do Radiocarbono
Embora o C-14 seja um método sério, não está isento de críticas e desafios. Especialistas reconhecem a necessidade de calibragem de resultados devido a mudanças no polo magnético da Terra e variações na concentração de C-14 na atmosfera ao longo do tempo.
Nas palavras do professor António João Cruz, doutor em Química pela Universidade de Lisboa, os desafios na determinação da idade dos artefatos expressam a complexidade intrínseca desse fascinante campo de estudo. A ciência, assim como a história, continua a desvendar os mistérios do passado, oferecendo-nos vislumbres extraordinários sobre a trajetória da humanidade.
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