Ao contrário do que muita gente pensa, figuras como Adão, Eva, Abraão, Jacó e José jamais celebraram a Páscoa. A primeira celebração dessa festa aconteceu séculos depois, mais precisamente no século XV a.C., por volta de 1450-1445 a.C., quando ocorreu o episódio do Êxodo — a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito.
Para entendermos a origem da Páscoa, precisamos primeiro entender o cenário do Êxodo. O povo hebreu havia descido ao Egito nos dias de José, filho de Jacó, por conta de uma grande fome em Canaã. Lá, José havia se tornado uma das figuras mais poderosas do país, o braço direito do faraó.
Por gerações, os descendentes de Jacó viveram bem no Egito. Mas, com a troca de dinastias e o esquecimento da história de José, surgiu um novo faraó — provavelmente Amósis I — que “não conheceu a José” (Êxodo 1:8). A partir desse momento, os hebreus passaram de hóspedes para escravizados.
Da escravidão à promessa de liberdade
Durante cerca de quatro séculos, os hebreus viveram sob opressão. Com o tempo, suas condições foram se tornando cada vez mais duras. Foi então que Deus levantou Moisés para libertar o povo. E é exatamente nesse contexto de libertação que nasce a Páscoa.
Após nove pragas assolarem o Egito, Deus anunciou a décima e última: a morte dos primogênitos. Para que os israelitas fossem poupados, Deus ordenou que cada família sacrificasse um cordeiro e marcasse as portas de suas casas com o sangue do animal. Quando o anjo da morte passasse, pouparia as casas marcadas. Isso está descrito em Êxodo 12.
Por que marcar as portas com sangue?
Aqui entra um detalhe fascinante e pouco comentado: as portas egípcias, na Antiguidade, frequentemente tinham inscrições com símbolos religiosos nos umbrais (batentes), como amuletos de proteção. É possível que muitos hebreus assimilaram esses costumes egípcios, tentando proteger suas casas com inscrições supersticiosas.
Ao pedir que os hebreus pintassem os umbrais com o sangue do cordeiro, Deus estava, na prática, substituindo esses símbolos pagãos por um sinal de fé e obediência. A mensagem era clara: “se vocês quiserem salvação, precisam abandonar os velhos costumes e confiar na minha provisão.”
O que significa Páscoa?
A palavra “Páscoa” vem do hebraico Pessach, que significa literalmente “passar por cima” ou “pular”. Refere-se ao momento em que o anjo da morte passou por cima das casas marcadas com sangue. Na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento), Pessach foi transliterado como Pascha, o que mais tarde, em português, se tornou “Páscoa”. Em inglês, por exemplo, diz-se Passover, ou seja, “passar por cima”.
O cordeiro, o pão sem fermento e a pressa da partida
A celebração da primeira Páscoa envolveu alguns rituais específicos:
- Sacrifício do cordeiro pascal: cada família deveria matar um cordeiro sem defeito.
- Marcar a porta com o sangue: símbolo da proteção divina.
- Comer a carne do cordeiro: símbolo de aliança e comunhão.
- Comer pães sem fermento: o povo deveria sair com pressa, e o pão não teria tempo de levedar.
- Ervas amargas: lembravam a amargura da escravidão no Egito.
Esses elementos formaram o núcleo da celebração pascal que os judeus passariam a repetir todos os anos como memorial da libertação.
Da Páscoa judaica à celebração cristã
Mais tarde, com a vinda de Jesus Cristo, a Páscoa ganhou um novo significado. Ele se apresentou como o verdadeiro Cordeiro Pascal, cujo sangue foi derramado para libertar a humanidade — não de uma escravidão física, mas do pecado.
Cristo morreu exatamente na época da Páscoa, por volta do dia 14 de Nissan, cumprindo simbolicamente o papel do cordeiro sacrificado. Por isso, a Páscoa cristã celebra não apenas a libertação de Israel, mas a redenção do mundo por meio da morte e ressurreição de Jesus.
A importância da Páscoa ao longo da história bíblica
Mesmo após a libertação, o povo hebreu manteve a celebração da Páscoa como um feriado cívico e religioso. Em momentos de crise espiritual, como nos reinados de Ezequias e Josias, a Páscoa foi restaurada como forma de renovar a aliança com Deus.
A cada ano, os judeus relembravam que um dia foram escravos, e que foi a mão poderosa do Senhor que os tirou do cativeiro.
O que a Páscoa ensina hoje?
A mensagem da Páscoa continua atual: libertação exige renúncia. Assim como os hebreus precisaram rejeitar os costumes do Egito, nós também somos chamados a deixar para trás tudo aquilo que nos prende espiritualmente.
A cruz de Cristo, assim como o sangue nos umbrais das portas, é sinal de proteção, redenção e vida nova.
Quer se aprofundar mais?
Se você quer conhecer mais sobre os aspectos arqueológicos e históricos da Páscoa, assista a live completa em que conversamos sobre o tema!
10 respostas
Querido irmão, amado em Cristo!! Que mensagem!! Quantos ensinamentos!!
Gostei, estava procurando uma explicação bem direta e eficiente sobre a Páscoa, agora encontrei, obrigado Rodrigo!.
Fico muito feliz em perceber que cada ano, mais as pessoas estão entende o verdadeiro sentido e significado da Páscoa. Como fala em Jó.3.16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito para que todo que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Rodrigo, há muito tempo que acompanhamos o seu trabalho e vê-lo ganhar espaço em nível nacional é ter a certeza de que uma formação de excelência no que diz respeito à Bíblia fará a diferença na vida de tantos. Parabéns!
Tenho sede e fome da palavra de Deus
Amei esse estudo da Páscoa !
Muito obrigada por compartilhar conteúdo de qualidade! Saiba que você tem feito muito pela minha família! Deus o abençoe!
Quero aprender mais
Tenho interesse em receber informações e conhecimentos sobre o universo de Deus.
Muito bom este ensinamento
Deus abençoe