Hoje, quero convidar você para conhecer a incrível história da Estela de Mesa, também chamada de Pedra Moabita, um dos artefatos mais fascinantes da arqueologia bíblica. No Museu de Arqueologia Bíblica (MAB), temos uma réplica dessa peça, com o mesmo tamanho e detalhes da original, incluindo as partes reconstruídas pelo Museu do Louvre, onde ela está exposta atualmente.
Para conhecê-la mais a fundo, assista ao vídeo abaixo.
Além de ser um importante registro arqueológico, a Estela de Mesa confirma relatos bíblicos, nos apresentando a história sob a ótica dos moabitas, antigos inimigos de Israel. Prepare-se para uma jornada cheia de suspense, história e curiosidades arqueológicas!
O Que é a Estela de Mesa?
A Estela de Mesa é uma pedra comemorativa, ou “estela”, feita de basalto negro, datada de aproximadamente 830 a.C.. Ela foi erguida pelo rei Mesa, governante de Moabe, para celebrar sua vitória sobre Israel e relatar os feitos do seu deus, Quemos.
Estelas como essa eram comuns no mundo antigo e serviam como “placas comemorativas”. Assim como placas modernas destacam obras feitas por governos, essas pedras registravam vitórias militares, tratados e até códigos legais, como o famoso Código de Hamurabi.
A Estela de Mesa é um exemplo fascinante desse tipo de artefato, pois não apenas celebra uma vitória, mas também registra detalhes históricos que corroboram com os relatos da Bíblia.
A Descoberta da Estela de Mesa
A história da descoberta da Estela de Mesa é digna de um filme de suspense. Em 1868, o missionário Frederick Klein estava na região de Dibom, hoje parte da Jordânia, então sob domínio do Império Otomano. Durante sua visita, ele notou uma pedra com inscrições estranhas sendo usada pelos beduínos locais como mero objeto decorativo.
Klein, que tinha conhecimento de teologia, reconheceu que aquelas inscrições poderiam ser algo importante. No entanto, ao demonstrar interesse pelo artefato, ele desencadeou uma série de eventos trágicos e tensos:
- Os beduínos acreditaram que a pedra escondia um tesouro, possivelmente ouro, dentro dela.
- O exército otomano tentou confiscar a peça, aumentando a tensão entre as autoridades e os beduínos.
- Para evitar que a pedra fosse confiscada, os beduínos a aqueceram em uma fogueira e depois jogaram água fria sobre ela, quebrando-a em pedaços enquanto tentavam encontrar o “tesouro”.
Infelizmente, não havia tesouro, apenas a importância histórica e arqueológica da pedra.
A Reconstrução da Estela
Antes que a pedra fosse destruída, um arqueólogo francês chamado Charles Clermont-Ganneau conseguiu fazer um decalque das inscrições utilizando papel de seda e cera. Esse decalque acabou sendo crucial para a reconstrução da peça.
Os fragmentos recuperados da pedra foram enviados ao Museu do Louvre, onde, com base no decalque, os especialistas puderam reconstruir as partes que haviam sido perdidas. Hoje, a pedra reconstruída está exposta em Paris, enquanto réplicas, como a que temos no MAB, ajudam a contar sua história ao redor do mundo.
O Contexto Histórico: Israel e Moabe
A Estela de Mesa narra um período de conflitos entre Israel e Moabe, dois reinos vizinhos. De acordo com a Bíblia, Moabe foi dominada por Israel durante o reinado de Omri e Acabe, mas se rebelou após a morte de Acabe.
No livro de 2 Reis 3:4-5, lemos:
“Mesa, rei de Moabe, era criador de gado e pagava ao rei de Israel cem mil cordeiros e cem mil carneiros com suas lãs. Mas, depois da morte de Acabe, o rei de Moabe se rebelou contra o rei de Israel.”
A Estela de Mesa confirma essa narrativa, mas com um detalhe interessante: ela apresenta a versão dos moabitas, que atribuem sua vitória ao deus Quemos.
O Texto da Estela e Suas Revelações
A inscrição na Estela de Mesa contém 34 linhas, algumas delas danificadas, e registra os feitos do rei Mesa. Aqui estão alguns destaques:
- A Vitória Sobre Israel:
Mesa atribui sua vitória ao deus Quemos, dizendo que os moabitas foram punidos por ele no passado, mas agora haviam triunfado. - A Menção de Omri e Acabe:
A pedra menciona Omri, rei de Israel, e seu filho Acabe, confirmando relatos bíblicos sobre o domínio de Israel sobre Moabe por cerca de 40 anos. - O Nome de Israel:
O nome “Israel” aparece seis vezes na inscrição, tornando-se uma das mais antigas referências a Israel fora da Bíblia. - O Nome de Deus (YHWH):
A Estela também contém o tetragrama sagrado (YHWH), uma das mais antigas menções ao nome de Deus fora das Escrituras.
A Importância Arqueológica
A Estela de Mesa é um tesouro arqueológico por vários motivos:
- Confirmação Histórica: Ela confirma eventos narrados na Bíblia, como o domínio de Israel sobre Moabe e a rebelião liderada por Mesa.
- Estudo Linguístico: A pedra permite comparar o idioma moabita com o hebraico antigo, mostrando semelhanças que ajudam a entender o desenvolvimento das línguas semíticas.
- Referências Extra-Bíblicas: É uma das mais antigas evidências arqueológicas que mencionam “Israel” e o nome de Deus (YHWH).
A Lição da Estela de Mesa
A Estela de Mesa nos lembra que a Bíblia não é apenas um livro de fé, mas também um documento histórico. Sua precisão é continuamente confirmada por descobertas arqueológicas como essa, reforçando a credibilidade das Escrituras.
Além disso, ela nos mostra como até mesmo os “inimigos” de Israel reconheceram os eventos e as batalhas mencionados na Bíblia, ainda que sob outra ótica.
A Estela de Mesa é uma ponte entre história, arqueologia e fé. Sua descoberta e reconstrução são um testemunho do trabalho árduo dos arqueólogos e da relevância contínua dos textos bíblicos.
Se você deseja conhecer mais sobre esse e outros artefatos fascinantes, não deixe de visitar o Museu de Arqueologia Bíblica (MAB). Temos muito a compartilhar com você!