Os conflitos envolvendo Israel e seus vizinhos estão frequentemente nas manchetes, mas o que muita gente não sabe é que as raízes dessas tensões têm origens antigas, mencionadas na Bíblia. Muitos dos países que hoje existem no Oriente Médio foram formalmente estabelecidos apenas no século XX, após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, em processos conduzidos por potências europeias.
Para compreender essa complexa história de relações entre povos, vamos analisar a Jordânia, o Egito, a Síria, o Líbano, o Iraque e outros países à luz das referências bíblicas. O estudo desses relatos pode ajudar a explicar as disputas atuais, além de mostrar como alguns laços familiares evoluíram para tensões geopolíticas.
A criação de estados modernos no Oriente Médio
Após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio passou por um intenso redesenho territorial. Muitos dos países que conhecemos hoje foram criados ou reorganizados durante essa época, em grande parte devido ao envolvimento de potências europeias como a França e o Reino Unido.
– Líbano: Foi colocado sob mandato francês, levando ao estabelecimento de um governo que refletia a diversidade religiosa e étnica da região.
– Jordânia: Criada sob mandato britânico e destinada a ser governada pela família hachemita, supostamente descendente de Maomé.
– Iraque, Síria e Emirados Árabes: Foram delimitados por acordos entre países europeus, com fronteiras artificiais que não necessariamente respeitavam as divisões culturais e étnicas locais.
Esse processo de criação de Estados modernos foi essencialmente burocrático, ignorando muitas vezes as dinâmicas sociais e religiosas já existentes. Isso semeou as bases para muitos dos conflitos que vemos hoje.
Israel: a única democracia no Oriente Médio?
Um ponto importante e polêmico nos debates sobre o Oriente Médio é a questão da democracia. Israel é frequentemente considerado a única democracia consolidada na região, com um governo eleito, direitos civis relativamente protegidos e liberdade de expressão. Outros países vizinhos, embora tenham governos e sistemas eleitorais, operam em contextos mais restritivos. Em alguns desses lugares, a expressão de direitos, como a liberdade de gênero e orientação sexual, é praticamente inexistente ou severamente punida.
Em contraste, Israel permite manifestações públicas, como a Parada do Orgulho em Tel Aviv, algo que seria impensável em muitos outros países da região. Esse ponto de diferenciação política e cultural, embora positivo para alguns, também atrai críticas e contribui para o isolamento de Israel no cenário regional.
O passado bíblico da Jordânia
A Jordânia moderna, um dos países que mantém relações diplomáticas relativamente estáveis com Israel, ocupa o território que, na Bíblia, era chamado de Edom, Moabe e Amom. Esses territórios eram ocupados por povos com laços familiares com os hebreus, mas que muitas vezes foram seus adversários.
– Edom: Fundado por Esaú, irmão de Jacó, Edom ocupava uma região ao sul do atual Israel. Apesar do parentesco, as relações com Israel eram tensas e marcadas por rivalidades.
– Moabe e Amom: Descendentes de Ló, sobrinho de Abraão, esses povos também tinham uma relação conflituosa com os israelitas. A Bíblia relata episódios em que os moabitas e amonitas se aliaram a outros povos para lutar contra Israel.
Essas relações complexas entre “parentes” foram parte da dinâmica histórica do Oriente Médio e ajudam a entender a origem de muitos conflitos territoriais que persistem até hoje.
O Egito e suas relações com Israel
Outro país mencionado na Bíblia e que tem uma história rica de interações com Israel é o Egito. Desde os tempos de Abraão, passando pela história de José e pelo Êxodo, o Egito aparece como um território importante para os hebreus.
No mundo moderno, as relações entre Israel e Egito foram formalizadas em 1979 com o Tratado de Paz de Camp David, que encerrou um longo histórico de hostilidades entre os dois países. Embora o Egito não seja hoje um inimigo declarado de Israel, as relações diplomáticas ainda são tensas e marcadas por uma paz circunstancial.
Síria e Iraque: antigos inimigos de Israel
No passado, a região da Síria abrigava o poderoso reino de Arã, que frequentemente entrava em conflito com Israel. Os relatos bíblicos mencionam diversas batalhas entre Israel e os arameus. Hoje, a Síria e Israel permanecem tecnicamente em guerra, especialmente pela disputa da região estratégica das Colinas de Golã.
Iraque, por sua vez, corresponde ao antigo território da Babilônia. Na Bíblia, a Babilônia é descrita como um dos grandes inimigos de Israel, responsável pela destruição do Primeiro Templo e pelo cativeiro do povo judeu. A conexão histórica entre esses territórios e seus conflitos modernos é um exemplo de como antigas rivalidades podem ecoar ao longo dos séculos.
O Irã (Pérsia) e o passado bíblico
Irã, conhecido na Antiguidade como Pérsia, tem uma história peculiar em relação a Israel. Ao contrário de outros vizinhos, a Pérsia aparece na Bíblia como uma aliada em determinados períodos. Foi o imperador persa Ciro, por exemplo, quem permitiu que os judeus voltassem a Jerusalém e reconstruíssem o Templo após o exílio babilônico.
No entanto, as relações entre Irã e Israel se deterioraram drasticamente após a Revolução Islâmica de 1979, com o Irã se tornando um dos maiores adversários de Israel no cenário geopolítico moderno.
Rainha de Sabá e o Iêmen
Outro ponto interessante é o Iêmen, associado à Rainha de Sabá na tradição bíblica. Segundo o relato, a Rainha de Sabá visitou o rei Salomão e se impressionou com sua sabedoria. Este encontro representa um raro exemplo de interação pacífica entre Israel e um reino árabe da época. No entanto, o Iêmen atual é palco de conflitos internos e também de tensões com Israel, principalmente devido a facções que se opõem à existência do Estado de Israel.
Esse é apenas o começo do nosso estudo. Assista a aula completa sobre o tema clicando no vídeo abaixo.
Uma resposta
Caro professor,
Interesso me por história bíblica e seus desenrolar.