A alfarrobeira pode até parecer só mais uma árvore típica do clima mediterrâneo, mas ao longo da história — especialmente nas Escrituras — ela ganhou um simbolismo profundo. De alimento para os humildes à possível referência na dieta de João Batista, a alfarroba atravessa séculos com histórias e significados surpreendentes.
Neste artigo, vamos conhecer melhor essa árvore, suas curiosidades históricas, usos na Bíblia e, claro, as lições espirituais que ela pode nos ensinar.
A alfarrobeira: características botânicas e usos antigos
A alfarrobeira pertence à família das leguminosas e pode atingir até 9 metros de altura. Suas folhas pequenas e brilhantes chamam atenção, mas é seu fruto — a alfarroba — que realmente se destaca. Trata-se de uma vagem comestível, medindo de 15 a 25 cm de comprimento, com sementes semelhantes a ervilhas envoltas em uma polpa doce de cor escura.
Historicamente, a alfarroba teve múltiplos usos:
- No Egito Antigo, acredita-se que era utilizada no processo de mumificação.
- Para os romanos, suas vagens secas eram mastigadas como doces.
- Os gregos chamavam o fruto de keration e usavam suas sementes como unidade de peso — acreditando (erroneamente) que todas tinham o mesmo peso.
- Daí surgiu o termo “quilate”, ainda hoje usado para medir pedras preciosas.
A alfarrobeira na Bíblia e suas possíveis menções
Embora o nome “alfarroba” não apareça diretamente nas traduções mais comuns da Bíblia, há fortes indícios de que ela está presente em algumas passagens conhecidas.
João Batista comia alfarroba?
Outro exemplo é a alimentação de João Batista no deserto. Mateus 3:4 afirma que ele se alimentava de “gafanhotos e mel silvestre”. No entanto, existe uma antiga tradição — e até base linguística — que sugere que a palavra traduzida como “gafanhotos” (akris, em grego) poderia se referir ao fruto da alfarrobeira, e não ao inseto. Além disso, os termos hebraicos hagavim (gafanhotos) e haruvim (alfarrobas) são foneticamente semelhantes, o que pode ter causado confusão nas traduções ao longo do tempo.
Por essa razão, em algumas tradições cristãs, a alfarroba ficou conhecida como “Pão-de-São-João”, uma possível alusão à dieta do profeta no deserto.
Lições espirituais e uma parábola do Talmude
A alfarrobeira não se destaca apenas por sua resistência ou valor nutricional. Ela também carrega lições de perseverança e generosidade, especialmente em uma antiga parábola judaica encontrada no Talmude:
Um homem idoso plantava uma árvore de alfarroba. Um jovem, curioso, perguntou:
“Por que plantar algo que só dará frutos em 70 anos?”
O velho respondeu:
“Assim como outros plantaram para mim, eu planto para as futuras gerações.”
Essa parábola, simples, nos lembra de que nem tudo o que fazemos na vida é para o agora. Algumas atitudes nossas — de fé, generosidade e obediência — são sementes plantadas para os que virão depois.
Curiosidades que talvez você não sabia sobre a alfarroba
- A alfarroba é usada até hoje como substituto natural do chocolate, por não conter cafeína.
- É altamente resistente à seca, tornando-se um símbolo de sustento nos períodos mais difíceis.
- O termo “quilate”, usado para medir pedras preciosas, nasceu da crença de que as sementes da alfarroba tinham peso uniforme.
- A polpa doce da alfarroba era usada como adoçante em tempos bíblicos, substituindo o mel de abelhas.
Fé que resiste ao tempo
A alfarrobeira pode não ser a árvore mais popular das Escrituras, mas sua simbologia é poderosa. Ela nos ensina sobre resiliência, humildade e generosidade. Representa o alimento que sustenta nos desertos da vida, e a sabedoria de plantar hoje, mesmo sem ver os frutos amanhã.
Nós podemos passar momentos de solidão, escassez ou arrependimento. E quando isso acontece, talvez Deus esteja nos lembrando que até a árvore mais simples — como a alfarrobeira — pode carregar promessas eternas.
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