A Paixão de Jesus Cristo representa o clímax da missão redentora de Deus na história humana. É o último ciclo da vida de Jesus, abrangendo todos os eventos desde a Última Ceia até Sua morte na cruz. Mas mais do que uma simples sequência de acontecimentos, a Paixão é um mergulho profundo no amor divino revelado por meio do sofrimento humano.
O termo “paixão”, do latim passio, significa justamente isso: sofrimento. No entanto, quando falamos da Paixão de Cristo, falamos de algo maior. Não se trata apenas do momento da crucificação, mas de todo o processo espiritual, emocional e físico que Jesus enfrentou — um sofrimento que começa antes da cruz e se estende além dela.
A angústia antes da dor
No Evangelho de João, Jesus revela:
“Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.” (Jo 12:27)
Essa angústia antecede a prisão e a tortura. Mesmo sendo aclamado em Jerusalém como Rei, Jesus sabia o que o aguardava. Essa tensão entre o reconhecimento público e a solidão interior marca profundamente a Sua Paixão. A dor começa não nos pregos, mas na alma. E essa dor carrega um propósito: a salvação da humanidade.
Sofrer em nosso lugar
A Paixão de Cristo não é apenas um exemplo de martírio. É um sofrimento substitutivo. Ele carregou sobre Si a culpa de todos nós (1Pe 2:21). Seu sangue, derramado como “sangue da nova aliança” (Mc 14:24), foi o preço do resgate (Mc 10:45). É por isso que o apóstolo Pedro afirma: “Cristo padeceu uma única vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pe 3:18).
O escritor de Hebreus também declara que “Cristo padeceu fora da porta, para santificar o povo por meio do Seu próprio sangue” (Hb 13:12). A dor dEle nos trouxe cura. A cruz dEle nos deu vida.
Os últimos momentos
A narrativa da Paixão ocupa grande parte dos evangelhos, especialmente em Marcos, que dedica mais de um terço do livro à última semana de Jesus. Os relatos são ricos em detalhes e profundidade espiritual:
- Getsêmani – Lugar de oração, angústia e entrega. Jesus sente a alma abatida até a morte e ora ao Pai: “Se possível, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua.”
- Prisão e traição – Judas, com um beijo, entrega o Mestre. Os evangelhos retratam esse momento com variações sutis, mas todas apontam para o mesmo: Jesus se entrega sem resistência.
- Zombaria e julgamento – Ele é ridicularizado, agredido, injustamente julgado. Pilatos, Herodes, os soldados — todos participam da humilhação do Filho de Deus.
- Crucificação – A dor física atinge o ápice, mas a dimensão espiritual é ainda mais intensa. Sarcasmo, escárnio, abandono. No meio disso, surge o brilho da graça: o ladrão arrependido, que ouve de Jesus: “Hoje estarás comigo no paraíso.”
- As sete palavras da cruz – Cada frase dita por Jesus na cruz é uma janela para o coração de Deus:
- “Pai, perdoa-lhes…” (Lc 23:34)
- “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43)
- “Mulher, eis aí teu filho…” (Jo 19:26)
- “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46)
- “Tenho sede” (Jo 19:28)
- “Está consumado” (Jo 19:30)
- “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46)
Amor que vence a morte
A Paixão de Cristo culmina na cruz, mas não termina nela. O túmulo vazio é o selo da vitória. A ressurreição confirma que Seu sofrimento não foi em vão. Como disse Jesus aos discípulos no caminho de Emaús: “Era necessário que o Cristo padecesse e entrasse na Sua glória” (Lc 24:46).
A igreja primitiva sabia disso. A Paixão, morte e ressurreição de Jesus era o centro da sua pregação (At 1:3; 3:18; 17:3). Não havia Evangelho sem cruz, nem salvação sem sangue.
Sacrifício de sangue
A Paixão de Cristo nos confronta com a realidade do pecado e com a grandeza do amor de Deus. É um convite à contemplação, arrependimento e gratidão. Diante da cruz, não há espaço para indiferença.
Ela nos lembra que fomos amados com um amor que sangra, que sofre, que se entrega. A Paixão de Jesus não é apenas uma história antiga: é a maior prova de que Deus fez tudo o que era necessário para nos alcançar.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16)
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3 respostas
Magnífico contexto.
Que amor é esse! Obrigado Deus, por sua Graça e misericórdia!
E impossível não ser grato a Deus, por um artigo tão enriquecedor de sua palavra.gloria a Deus